Aconteceu hoje (29), de 8h às 12 horas, no plenário Fernando Ribeiro Franco, no Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE-SE), a capacitação Violência laboral e assédio moral-sexual nas relações de trabalho: identificação, enfrentamento e formas de prevenção. O evento foi organizado pela Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação, em parceria com a Escola Judiciária Eleitoral (EJESE).

A palestra foi ministrada pela professora Karla Fernanda Valle, doutora em Serviço Social. Ela enfatizou a necessidade de debater as diferentes formas de violência e de assédio no âmbito das organizações. Segundo a docente: "É preciso problematizar o utilitarismo e a lógica instrumental, que desfavorecem a gestão de pessoas." A palestra foi dividida em dois momentos: o debate conceitual e a apresentação de casos concretos com abertura de espaço para indagações e opiniões dos presentes.

Karla Valle frisou que a sociedade vive a cultura do desempenho. Isso ajuda a configurar uma sociedade do cansaço e do doping. Afirmou, ainda, que não é incomum o trabalho ocupar quase todo o tempo da pessoa. Em decorrência, chegam os problemas de saúde (uso de medicamentos). É o que se chama "Fenômeno da Vida Reduzida": intensificação laboral e maior pulverização dos limites entre o tempo de vida e o trabalho. O conceito “Sociedade do Cansaço” vem das concepções do escritor Byung-Chul Han.

A conferencista foi categórica ao afirmar que o gestor deve desenvolver competências relacionais. “Não adianta só ser bom tecnicamente! Todo assédio moral é também organizacional”, disse. A professora demonstrou que o assédio moral caracteriza-se pela frequência da conduta. Quanto ao assédio sexual, explicou que pode ocorrer por chantagem ou por intimidação. No contexto, sempre há relações de poder. Karla deu uma dica importante sobre o assunto. “Alguns elementos que ajudam a provar a conduta de assédio sexual seriam: um diário funcional (controle da produtividade), laudos médicos, bilhetes, e-mails, presentes e avaliações funcionais muito negativas”, concluiu.

O juiz membro do TRE-SE e representante do 2º grau de jurisdição na Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, do Assédio Sexual e da Discriminação, Carlos Pinna de Assis Júnior, o juiz representante do 1º grau, Haroldo Luiz Rigo da Silva, e o diretor da EJESE e juiz membro do Tribunal, Marcos de Oliveira Pinto, prestigiaram o evento.

Segue um breve currículo da Dra. Karla Fernanda Valle

Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006); mestra em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2010); doutora em Serviço Social pela Escola de Serviço Social da UFRJ (concluído em 21/11/2019). Foi professora do curso de Serviço Social da UNIABEU – Centro Universitário entre 2010 e 2013. É assistente social do Tribunal Regional do Trabalho (RJ), lotada na Coordenadoria de Saúde desde dezembro de 2011. Supervisora de campo de estágio curricular em Serviço Social desde 2015. Professora substituta do Departamento de Fundamentos de Serviço Social da Escola de Serviço Social da UFRJ entre março de 2018 e dezembro de 2019. Ouvidora Externa da GIZ Brasil para casos de Violência Laboral, Assédio Sexual e Assédio Moral a partir de 2019 até dezembro de 2021. Principais áreas abordadas na atualidade: Serviço Social; Gerencialismo; Mundo do Trabalho; Saúde do Trabalhador; Violência Laboral; Assédio Moral; Assédio Sexual; Sofrimento no Trabalho.

Audiodescrição: a imagem é uma fotografia de uma mulher segurando um microfone na mão direita e gesticulando com a mão esquerda. Sorridente, ela encontra-se em um palco onde há uma porta preta ao fundo e um computador e uma proteção de vidro transparente.