TRE-SE realiza evento em celebração ao Dia da Consciência Negra
Na programação: luta contra a escravidão, enfrentamento ao racismo, educação antirracista e poesia negra
Nesta manhã (22), aconteceu, na sede do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE-SE), o evento em celebração ao Dia da Consciência Negra (20). O seminário foi organizado pela Comissão de Prevenção e Enfrentamento de Assédio e Discriminação e contou com o apoio da Presidência e da Diretoria-Geral do Tribunal. O objetivo: conscientizar magistradas(os), servidoras(es), estagiárias(os) e terceirizadas(os)sobre o tema.
O evento apresentou a luta contra a escravidão, enfrentamento ao racismo, educação antirracista e poesia negra. O mestre de cerimônia, Elielson Souza Silva, servidor do TRE-SE, abriu o evento lendo a minibiografia de Zumbi dos Palmares. Convidou as(os) colegas à reflexão sobre o combate ao racismo no cotidiano e como a sociedade pode ser mais justa e igualitária.
Em seguida, os participantes assistiram ao depoimento gravado pela juíza eleitoral Elaine Celina Afra. Ela falou sobre as dificuldades na trajetória profissional até ocupar uma posição de poder sendo mulher negra. A juíza ressaltou que “ter uma boa educação fez a diferença, pois, na época em que prestei concurso, ainda não existiam ações afirmativas.” Ela finalizou destacando: “Busco promover a justiça social por meio da profissão, valorizando as ações afirmativas, que importantes na perspectiva de gênero e também na racial, a fim de modificar a ideia popular de que pessoas de cor não teriam a capacidade de ocupar esses espaços, por conta de um racismo que é estrutural.”
A programação seguiu com a palestra do juiz do trabalho Carlos João de Gois Júnior. O magistrado fez uma breve apresentação sobre o que é racismo e seus tipos: individual, institucional, estrutural, recreativo, etc. Depois, apresentou alguns dados relativos à violência sofrida pela população negra e a inserção desse grupo no mercado de trabalho. Por fim, detalhou os impactos do racismo na infância e na adolescência e terminou com dados sobre diversidade e equidade.
O poeta João Lover, servidor do TRE-SE, finalizou o evento declamando o poema A Saga do Negro:
Tolo impulso da ganância,
posses, poder, domínio,
abominável tirocínio,
a mais vil protuberância.
Assim fizeram os lusitanos:
navegadores e mercadores,
requintados opressores,
negociantes tiranos...
Com o aval de Nicolau,
não hesitou Portugal,
truciescravisou os da África,
fez do estorvo uma fábrica,
potencial em dinheiro.
Corda, corrente, cativeiro,
chibatadas no pelourinho,
tortuoso o caminho
desses afro-brasileiros.
Em cruel exploração,
em trabalhos forçados,
jamais recompensados,
construindo esta Nação...
São verdadeira nobreza,
produtores de riqueza
na heroica aventura.
Aguerridos talentos:
substância, alimento
e força de nossa cultura.
João Lover
27/6/2016